8.1.06
Um Grande Amigo da Música
Há tempos que ando com a ideia de escrever um pequeno apontamento sobre um programa da Rádio Difusão Portuguesa – RDP – Antena 1, intitulado «O Amigo da Música», da autoria de José Nuno Martins.
Por compromisso pessoal, não consigo ouvir este programa na sua totalidade aos Domingos de manhã, entre as 11h00 e o meio-dia. Parece que o repetem à noite, mas esqueço-me da hora e, normalmente, perco também esta oportunidade.
Acontece que este programa é absolutamente notável, para quem aprecia música ligeira, não subordinada aos critérios massificados das grandes marcas discográficas, inteiramente dominadas pela pauta anglo-saxónica, sobretudo norte-americana.
José Nuno Martins, com o seu gosto apurado, o seu conhecimento profundo das melodias que foram tocadas pela inspiração criativa dos seus autores, para agradarem a mais do que a uma geração, aliado a um corajoso critério, tem teimado em recuperar, para a nossa memória e para os nossos deleitados ouvidos, canções portuguesas, brasileiras, italianas, francesas, espanholas, latino-americanas, sobretudo, que há muito deixaram de se ouvir nas rádios do Estado e privadas em Portugal.
Já lhe apanhei sessões dedicadas à música italiana, do tempo dos festivais de S. Remo, onde pontificaram nomes como Domenico Modugno, Gigliola Cinquetti, Nicola Di Bari, Adriano Celentano, Gianni Morandi, Sergio Endrigo, Boby Solo, Eduardo Vianello, Claudio Villa, etc., nomes que fizeram lenda, na arte de encantar e mover corações, em muitas casas e, em particular, em inúmeros salões de Bailes e Verbenas de Portugal e do Mundo.
Igualmente lhe escutei sessões especiais votadas à música francesa, evocando vultos da canção, como Edith Piaf, Yves Montand, Aznavour, Bécaud, Nicoletta, Françoise Hardy, Joe D’Assin, Léo Ferré, Mireille Mathieu, Jullitte Greco, Jacques Brel, Adamo, estes dois últimos belgas, de língua francesa, cantores todos eles, que marcaram uma época áurea da canção ligeira em todo o mundo.
Quase sempre estas canções assentavam numa melodia cativante, envolvente, rica de elementos, que ficava no ouvido, servida normalmente por letras de valor poético, algumas mesmo de excelente qualidade poética, que elevavam o nível de exigência do ouvinte, afeiçoando-lhe o gosto a temas mais evoluídos, sem cair em exageros de intelectualite descabida.
No campo da música portuguesa, também nos tem brindado com as belas canções de Carlos do Carmo, Carlos Mendes, Fernando Tordo, Fausto, Sérgio Godinho, Vitorino e nomes mais antigos como Tristão da Silva, Francisco José, João Maria Tudela, Simone de Oliveira, Madalena Iglésias, fadistas como Alfredo Marceneiro, Amália, Maria Teresa de Noronha e tantos outros que, por inexplicável razão, raras vezes são passados nos programas actuais da Rádio, cortando um elo imprescindível da nossa memória colectiva, que assim ficará com um enorme vazio, porque desconhecerá valores que pertencem por direito próprio ao nosso património cultural popular.
Pouca gente, entre nós, parece dar atenção a este aspecto da desmemoriação colectiva que vai crescendo, sobretudo no que se refere às coisas da nossa terra, mas também às de outras culturas com as quais tínhamos fortes ligações.
Com o actual predomínio, já asfixiante, da cultura anglo-saxónica todos nos empobrecemos, em Portugal, na Europa e no resto do Mundo. Nada ganhamos com esta uniformização cultural. É absolutamente urgente conceber programas que reabilitem as culturas populares europeias, para que não seja só conhecida a cultura popular americana, especialmente a da música e a do cinema de massas, em grande parte, sem qualidade, perigosamente embrutecedoras e alienantes.
É certo que nem tudo o que é americano é mau, mas, neste aspecto da cultura popular, o domínio do reles e do alienante é avassalador e deveria ser contrariado, não deixando ao inimputável Mercado a responsabilidade da preponderância do gosto rasca, principalmente quando verificamos que o dito Mercado está sob permanente manipulação.
Houvesse mais intervenientes da estirpe de José Nuno Martins e o panorama mudaria por certo. Por isso, modestamente, aqui o distingo, elogiando o seu trabalho corajoso, numa época em que poucos se arriscam a contrariar a chamada tendência do Mercado, antes ajustando as ideias e atitudes com as da suposta maioria mandante, com os resultados que vamos observando.
AV_Lisboa, 08 de Janeiro de 2006
Por compromisso pessoal, não consigo ouvir este programa na sua totalidade aos Domingos de manhã, entre as 11h00 e o meio-dia. Parece que o repetem à noite, mas esqueço-me da hora e, normalmente, perco também esta oportunidade.
Acontece que este programa é absolutamente notável, para quem aprecia música ligeira, não subordinada aos critérios massificados das grandes marcas discográficas, inteiramente dominadas pela pauta anglo-saxónica, sobretudo norte-americana.
José Nuno Martins, com o seu gosto apurado, o seu conhecimento profundo das melodias que foram tocadas pela inspiração criativa dos seus autores, para agradarem a mais do que a uma geração, aliado a um corajoso critério, tem teimado em recuperar, para a nossa memória e para os nossos deleitados ouvidos, canções portuguesas, brasileiras, italianas, francesas, espanholas, latino-americanas, sobretudo, que há muito deixaram de se ouvir nas rádios do Estado e privadas em Portugal.
Já lhe apanhei sessões dedicadas à música italiana, do tempo dos festivais de S. Remo, onde pontificaram nomes como Domenico Modugno, Gigliola Cinquetti, Nicola Di Bari, Adriano Celentano, Gianni Morandi, Sergio Endrigo, Boby Solo, Eduardo Vianello, Claudio Villa, etc., nomes que fizeram lenda, na arte de encantar e mover corações, em muitas casas e, em particular, em inúmeros salões de Bailes e Verbenas de Portugal e do Mundo.
Igualmente lhe escutei sessões especiais votadas à música francesa, evocando vultos da canção, como Edith Piaf, Yves Montand, Aznavour, Bécaud, Nicoletta, Françoise Hardy, Joe D’Assin, Léo Ferré, Mireille Mathieu, Jullitte Greco, Jacques Brel, Adamo, estes dois últimos belgas, de língua francesa, cantores todos eles, que marcaram uma época áurea da canção ligeira em todo o mundo.
Quase sempre estas canções assentavam numa melodia cativante, envolvente, rica de elementos, que ficava no ouvido, servida normalmente por letras de valor poético, algumas mesmo de excelente qualidade poética, que elevavam o nível de exigência do ouvinte, afeiçoando-lhe o gosto a temas mais evoluídos, sem cair em exageros de intelectualite descabida.
No campo da música portuguesa, também nos tem brindado com as belas canções de Carlos do Carmo, Carlos Mendes, Fernando Tordo, Fausto, Sérgio Godinho, Vitorino e nomes mais antigos como Tristão da Silva, Francisco José, João Maria Tudela, Simone de Oliveira, Madalena Iglésias, fadistas como Alfredo Marceneiro, Amália, Maria Teresa de Noronha e tantos outros que, por inexplicável razão, raras vezes são passados nos programas actuais da Rádio, cortando um elo imprescindível da nossa memória colectiva, que assim ficará com um enorme vazio, porque desconhecerá valores que pertencem por direito próprio ao nosso património cultural popular.
Pouca gente, entre nós, parece dar atenção a este aspecto da desmemoriação colectiva que vai crescendo, sobretudo no que se refere às coisas da nossa terra, mas também às de outras culturas com as quais tínhamos fortes ligações.
Com o actual predomínio, já asfixiante, da cultura anglo-saxónica todos nos empobrecemos, em Portugal, na Europa e no resto do Mundo. Nada ganhamos com esta uniformização cultural. É absolutamente urgente conceber programas que reabilitem as culturas populares europeias, para que não seja só conhecida a cultura popular americana, especialmente a da música e a do cinema de massas, em grande parte, sem qualidade, perigosamente embrutecedoras e alienantes.
É certo que nem tudo o que é americano é mau, mas, neste aspecto da cultura popular, o domínio do reles e do alienante é avassalador e deveria ser contrariado, não deixando ao inimputável Mercado a responsabilidade da preponderância do gosto rasca, principalmente quando verificamos que o dito Mercado está sob permanente manipulação.
Houvesse mais intervenientes da estirpe de José Nuno Martins e o panorama mudaria por certo. Por isso, modestamente, aqui o distingo, elogiando o seu trabalho corajoso, numa época em que poucos se arriscam a contrariar a chamada tendência do Mercado, antes ajustando as ideias e atitudes com as da suposta maioria mandante, com os resultados que vamos observando.
AV_Lisboa, 08 de Janeiro de 2006
Comments:
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Nem preciso dizer o quanto aprecio a boa música. Imagino, pelo que escreve, que o programa citado deve mesmo ser muito bom de ser ouvido. Parabéns, então, a José Nuno Martins. E a você que gosta de Música.
Este comentário é curto, pois o que fiz no texto anterior foi enorme, esgotou, até, o tempo de uso da página, precisei voltar. Desculpe-me se escrevi muito lá.
Caro Amigo, como sempre, foi um prazer ter estado aqui.
FORTE ABRAÇO,
Ilmara (a Bisbilhoteira).
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Caro Amigo, como sempre, foi um prazer ter estado aqui.
FORTE ABRAÇO,
Ilmara (a Bisbilhoteira).
Caro António Viriato;
Também gosto de música, de forma eclética, e sem pensar em editoras. E se for acompanhada com o suporte de um bom poema, muito melhor.
Fala no seu artigo de grandes nomes, conhecidos pela qualidade das letras que cantam, e só posso subscrever a escolha feita por si. Aliás, ainda ontem estive a ouvir 'Ne me quittes pas' do Brel, e 'il n'y a que l'amour'... absolutamente insuperáveis.
Apesar disso, não tenho muito o hábito de ouvir rádio... agarro nuns quantos compactos que levo para o 'atelier' e vou ouvindo, enquanto pinto. É que nem toda a música serve para acompanhar a pintura. Tem que haver um 'casamento' agradável entre as palavras, o ritmo, e as cores.
Quando pinto 'azuis' acompanho-os com Maria João Pires ao piano. E o mundo pode cair à minha volta!
Um abraço.
Também gosto de música, de forma eclética, e sem pensar em editoras. E se for acompanhada com o suporte de um bom poema, muito melhor.
Fala no seu artigo de grandes nomes, conhecidos pela qualidade das letras que cantam, e só posso subscrever a escolha feita por si. Aliás, ainda ontem estive a ouvir 'Ne me quittes pas' do Brel, e 'il n'y a que l'amour'... absolutamente insuperáveis.
Apesar disso, não tenho muito o hábito de ouvir rádio... agarro nuns quantos compactos que levo para o 'atelier' e vou ouvindo, enquanto pinto. É que nem toda a música serve para acompanhar a pintura. Tem que haver um 'casamento' agradável entre as palavras, o ritmo, e as cores.
Quando pinto 'azuis' acompanho-os com Maria João Pires ao piano. E o mundo pode cair à minha volta!
Um abraço.
Parabéns pelas observações feitas acerca do tema. Também é inqualificável a forma como os responsáveis pelo cumprimento das leis, que regulamentam a pasagem da música portuguesa na rádio,aceitam a sua falta de cumprimento. Serão surdos?
E os defensores da livre escolha;esperam que se escolha aquilo que não se conhece?
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Hi all, nice design.
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G'night.
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Hurra, thanks author.
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Bye.
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